segunda-feira, 8 de junho de 2020

C31/C32 -- LÍNGUA PORTUGUESA -- PROFESSOR RAFAEL P. JARDIM


As tarefas 6 a 10 estão relacionadas ao texto de Andrew Solomon.
I ) Leia o texto a seguir
Quando a pandemia nos deixa sozinhos, ansiosos e deprimidos
Andrew Solomon
Durante quase 30 anos, a maior parte de minha vida adulta, lidei com problemas de depressão e ansiedade. Embora nunca tenha me sentido sozinho ao enfrentar essas doenças tão frequentes – o segredo de família que todas as famílias têm em comum –, percebo que hoje tenho mais colegas de sofrimento do que jamais poderia ter imaginado.
(...)
Quase todas as pessoas que conheço vêm sofrendo, em diferentes níveis, de pânico, pesar, desesperança e um medo paralisante. Se hoje alguém disser “Estou com tanto medo que mal consigo dormir”, talvez respondam “E que pessoa sã não está?”
Mas uma resposta assim poderia afastar nossa atenção de uma perigosa crise subjacente que vem se desdobrando em paralelo àquela mais evidente: uma disparada, tanto de curto quanto de longo prazo, da incidência de enfermidades mentais clínicas, cujos sintomas poderão persistir durante décadas após a pandemia retroceder. Se todos sofrem de depressão e ansiedade, os casos reais e clínicos de enfermidades mentais podem se desvanecer.
Embora tanto os governos estaduais (alguns espantosamente mais tarde que outros) como o federal tenham reagido de forma relevante à disseminação do coronavírus, poucos reconheceram o risco que esse cenário representa para o desenvolvimento de enfermidades mentais. O governador Andre Cuomo, do estado de Nova York, que já destacou mais de 8 mil profissionais de saúde mental para auxiliar os nova-iorquinos afligidos, é uma feliz exceção.
(...)
O tratamento desigual desses dois âmbitos de saúde (a física priorizada em detrimento da mental) está em consonância com a negligência contínua de nossa sociedade em relação à estabilidade psicológica. A cobertura oferecida pelos planos de saúde não pode ser equiparada, e o tratamento para transtornos de humor costuma ser visto como um luxo. Mas estamos enfrentando uma dupla crise, de saúde física e mental, e os indivíduos acometidos por distúrbios psiquiátricos merecem ser reconhecidos e tratados.
(...)
De modo geral, há quatro reações possíveis à crise do coronavírus e ao decorrente isolamento social. Algumas pessoas conseguem lidar bem com a situação e encontrar forças em sua inabalável estabilidade psíquica. Outras pertencem à categoria dos saudáveis preocupados, que só precisam de primeiros-socorros psicológicos. Há um terceiro grupo que jamais sofreu desses distúrbios antes, mas se vê sugado para dentro deles. Por fim, há muitos indivíduos que já sofriam de grandes transtornos depressivos e tiveram sua condição exacerbada, desenvolvendo o que psicólogos clínicos chamam de “dupla depressão”, na qual um distúrbio depressivo duradouro acaba sobreposto por um episódio de dor insuportável.
O isolamento social desencadeia ao menos tantos distúrbios mentais quanto o medo do vírus em si. A psicóloga Julianne Holt-Lunstad descobriu que o isolamento social é duas vezes mais prejudicial que a obesidade para a saúde física de uma pessoa. O confinamento solitário em sistemas prisionais provoca ataques de pânico e alucinações, dentre outros sintomas. O isolamento pode até mesmo tornar as pessoas mais vulneráveis à doença que deve combater: pesquisadores determinaram que “o sistema imunológico de uma pessoa solitária responde de forma diferente ao combater um vírus invasor, tornando-a mais propensa a desenvolver uma doença”.
A ideia de que as coisas não vão bem é razoável; a ideia de que agora nada jamais ficará bem pode ser indício de uma condição clínica. O ajuste gradual às nossas novas circunstâncias é algo esperado; a sensação de que cada dia é mais insuportável que o anterior é patológica. Existe uma linha muito tênue entre a ansiedade razoável e a ansiedade desenfreada e injustificada. Sei que carrego as duas dentro de mim, mas tentar separá-las é como desatar um nó górdio.
(...)
Por ora, não é possível conter a disseminação do vírus, mas o medo antecipatório que ele instiga pode ser mitigado por técnicas já consolidadas, como o aumento de doses medicamentais e um contato mais frequente com o terapeuta. Buscar esse tipo de apoio não é sinal de fraqueza ou fracasso. Faça o que for necessário para evitar o colapso mental. É muito mais fácil preveni-lo que remediá-lo, e dispomos de ferramentas eficazes para enfrentar as sobrecargas psíquicas.
Também é possível remediar o isolamento. Um coquetel de reuniões no Zoom e no FaceTime pode não ter nenhuma eficácia para muitos pacientes, e deve-se analisar caso a caso se os benefícios de um encontro com alguém que você ama (mesmo a uma distância superior a dois metros) para a saúde mental superam os riscos físicos que esse mesmo encontro implica.
O medo do contágio fez com que muitas pessoas adotassem um comportamento que exacerba a depressão e a ansiedade e, portanto, pode levar ao suicídio – aumentando a mortalidade da Covid-19 dentre pessoas que nem sequer a contraíram. Pessoas solitárias podem sucumbir ao mal da “privação de toque” e devem ser acolhidas. A Dra. Tiffany Field, diretora do Instituto de Pesquisa sobre o Toque da Faculdade Miller de Medicina, na Universidade de Miami, afirma que a falta de contato táctil agrava a depressão e enfraquece o sistema imunológico. Contatos positivos por meio do toque estimulam o nervo vago e reduzem os níveis de cortisol, um hormônio do estresse que pode prejudicar a resposta imunológica. Deveríamos investigar quando e como as pessoas privadas do toque podem receber o contato físico de que necessitam da forma mais segura possível. Não será completamente seguro, como tampouco é a privação sensual. Se pessoas estiverem morrendo por não serem tocadas, o toque, mesmo que regulado, torna-se um remédio necessário. Não é nem caro, nem complexo.
(...)
Não que um antidepressivo possa eliminar o medo que as pessoas têm desse vírus terrível e misterioso, ou que um único abraço vá mitigar a solidão profunda, mas ambos podem ajudar.
Um dia desses, meu filho (que cursa a quinta série) perguntou com voz trêmula: “Quanto tempo vai demorar pra eu poder ver meus amigos de novo? O que vamos fazer se ‘cancelarem a colônia de férias?’’. E então perguntou, a voz ainda mais trêmula: “E se você e o papai morrerem? O que vai acontecer comigo?” Estaria ele manifestando algumas de minhas tendências depressivas, ou estava apenas triste e com medo? Ele se animou logo em seguida e não voltou a falar no assunto desde então, embora eu tenha deixado claro que ele pode fazer isso. Manter o ânimo na frente dele é um projeto que me traz grande motivação. A obrigação de negar uma depressão pode ser uma forma perigosa de tirania social, mas esconder seus sinais externos de alguém mais vulnerável por vontade própria ajuda a me afastar da beira do abismo. Em parte por causa de meu filho, ajustei minha medicação e tenho mantido contato com meu terapeuta. Além disso, faço questão de abraçar ele e meu marido, pois sei que cada um de nós três é a salvação dos outros dois.
Caminho diariamente no bosque com meu filho e nosso cachorro. Às vezes, meu filho e eu pulamos na cama-elástica, algo que, embora me dê dor nas costas, me proporciona grande conforto físico. Meu marido, meu filho e eu nos aconchegamos juntos todas as noites para assistir a um filme. Além disso, meu marido tem lido obsessivamente livros sobre epidemias, da Peste Negra à pandemia de gripe espanhola em 1918, e estudado português on-line. Todos encontramos conforto à nossa curiosa maneira.
As autoridades continuam dizendo que o coronavírus será como uma gripe para a maioria dos contaminados, mas tem maior letalidade entre pessoas mais velhas ou com certas doenças crônicas. A lista de doenças crônicas, no entanto, deveria incluir a depressão causada pelo medo, pela tristeza e pela solidão. Deveríamos reconhecer que há uma grande parcela de gente para quem medicamentos não são indulgências e o toque não é um luxo. E que, para muitos de nós, o protocolo de lavar as mãos com álcool gel e vestir máscaras inadequadas não é nada se comparado à tarefa diária de desinfetar nossa própria mente.
Tarefa 6
II) Responda ao questionário abaixo.
1. Qual é o gênero do texto? ( ) poema (  ) romance de cavalaria ( ) artigo
2. Qual é a relação do autor com o assunto do texto?
3. Qual é o assunto do texto?
4. Quantas pessoas estão amedrontadas durante a pandemia, segundo o autor?
5. Qual é o nível atual de ocorrência de enfermidades mentais? Quais as possíveis consequências?
6.  Qual é a crítica do autor aos governadores? Qual é a exceção apontada?
7. “O tratamento para transtornos de humor costuma ser visto como um luxo.” Com que argumento o autor sustenta essa afirmação?
8. Quais são as quatro reações possíveis à crise do coronavírus?

Tarefa 7
II) Continuação do questionário da tarefa 6.
9.  Quais são as consequências psicológicas e clínicas do isolamento social?
10. Diferencie a ansiedade razoável da ansiedade desenfreada. Dê um exemplo citado no texto.
11. Que técnicas suavizam o medo provocado pelo vírus?
12. Como remediar  isolamento?
13. Quais são os perigos da falta de contato físico? Quando o toque seria aceitável?
14. Cite duas propostas do autor para suavizar a depressão de pessoas solitárias.
15. Como o autor se relaciona com sua família? Que justificativa ele apresenta?
16. Como a família do autor encontra conforto psicológico?
17. Qual é a proposta do autor para o tratamento da depressão?

Tarefa 8
III) Questões norteadoras (substituem o debate orientado)
1)      O que você entende por depressão?
2)      Você conhece alguém que sofre de depressão?
3)      Que mensagem você daria para um paciente de depressão?
4)      Como reduzir a depressão no contexto de isolamento social?
IV) Enquete
Você abraçaria uma pessoa com diagnóstico de depressão se corresse risco de contrair a Covid-19?
(   ) Sim                 (   ) Não              (   ) Não sei



Tarefa 9
V) Escreva uma redação (dissertação breve) com o tema: Como reduzir a depressão no contexto de isolamento social?
A redação deverá ter de 20 a 25 linhas. Mínimo de três e máximo de 5 parágrafos. Recorde que parágrafo não é frase, ou seja, um parágrafo deve ter de duas a quatro frases (ou mais), usando a pontuação correspondente.
Tarefa 10
VI) Elabore um vídeo de um minuto de duração, tratando do tema da redação.
No vídeo devem constar: o que é depressão, um exemplo, uma proposta de tratamento e uma mensagem para as pessoas que sofrem desse mal. Siga as questões norteadoras da tarefa 8 ao elaborar o roteiro.
Observações
Todas as tarefas são avaliativas, sendo parte da avaliação trimestral.
O vídeo valerá uma nota extra.





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