As tarefas 6 a 10 estão relacionadas ao texto de Andrew Solomon.
I ) Leia o texto a seguir
Quando a pandemia nos deixa sozinhos, ansiosos e deprimidos
Andrew Solomon
Durante
quase 30 anos, a maior parte de minha vida adulta, lidei com problemas de
depressão e ansiedade. Embora nunca tenha me sentido sozinho ao enfrentar essas
doenças tão frequentes – o segredo de família que todas as famílias têm em
comum –, percebo que hoje tenho mais colegas de sofrimento do que jamais
poderia ter imaginado.
(...)
Quase todas as pessoas que conheço vêm
sofrendo, em diferentes níveis, de pânico, pesar, desesperança e um medo
paralisante. Se hoje alguém disser “Estou com tanto medo que mal consigo
dormir”, talvez respondam “E que pessoa sã não está?”
Mas
uma resposta assim poderia afastar nossa atenção de uma perigosa crise
subjacente que vem se desdobrando em paralelo àquela mais evidente: uma
disparada, tanto de curto quanto de longo prazo, da incidência de enfermidades
mentais clínicas, cujos sintomas poderão persistir durante décadas após a
pandemia retroceder. Se todos sofrem de depressão e ansiedade, os casos reais e
clínicos de enfermidades mentais podem se desvanecer.
Embora
tanto os governos estaduais (alguns espantosamente mais tarde que outros) como
o federal tenham reagido de forma relevante à disseminação do coronavírus, poucos
reconheceram o risco que esse cenário representa para o desenvolvimento de
enfermidades mentais. O governador Andre Cuomo, do estado de Nova York, que já
destacou mais de 8 mil profissionais de saúde mental para auxiliar os
nova-iorquinos afligidos, é uma feliz exceção.
(...)
O
tratamento desigual desses dois âmbitos de saúde (a física priorizada em
detrimento da mental) está em consonância com a negligência contínua de nossa
sociedade em relação à estabilidade psicológica. A cobertura oferecida pelos
planos de saúde não pode ser equiparada, e o tratamento para transtornos de
humor costuma ser visto como um luxo. Mas estamos enfrentando uma dupla crise,
de saúde física e mental, e os indivíduos acometidos por distúrbios
psiquiátricos merecem ser reconhecidos e tratados.
(...)
De
modo geral, há quatro reações possíveis à crise do coronavírus e ao decorrente
isolamento social. Algumas pessoas conseguem lidar bem com a situação e
encontrar forças em sua inabalável estabilidade psíquica. Outras pertencem à
categoria dos saudáveis preocupados, que só precisam de primeiros-socorros
psicológicos. Há um terceiro grupo que jamais sofreu desses distúrbios antes,
mas se vê sugado para dentro deles. Por fim, há muitos indivíduos que já
sofriam de grandes transtornos depressivos e tiveram sua condição exacerbada,
desenvolvendo o que psicólogos clínicos chamam de “dupla depressão”, na qual um
distúrbio depressivo duradouro acaba sobreposto por um episódio de dor
insuportável.
O
isolamento social desencadeia ao menos tantos distúrbios mentais quanto o medo
do vírus em si. A psicóloga Julianne Holt-Lunstad descobriu que o isolamento
social é duas vezes mais prejudicial que a obesidade para a saúde física de uma
pessoa. O confinamento solitário em sistemas prisionais provoca ataques de
pânico e alucinações, dentre outros sintomas. O isolamento pode até mesmo
tornar as pessoas mais vulneráveis à doença que deve combater: pesquisadores
determinaram que “o sistema imunológico de uma pessoa solitária responde de
forma diferente ao combater um vírus invasor, tornando-a mais propensa a
desenvolver uma doença”.
A ideia de que as coisas não vão bem é
razoável; a ideia de que agora nada jamais ficará bem pode ser indício de uma
condição clínica. O ajuste gradual às nossas novas circunstâncias é algo
esperado; a sensação de que cada dia é mais insuportável que o anterior é
patológica. Existe uma linha muito tênue entre a ansiedade razoável e a
ansiedade desenfreada e injustificada. Sei que carrego as duas dentro de mim,
mas tentar separá-las é como desatar um nó górdio.
(...)
Por
ora, não é possível conter a disseminação do vírus, mas o medo antecipatório
que ele instiga pode ser mitigado por técnicas já consolidadas, como o aumento
de doses medicamentais e um contato mais frequente com o terapeuta. Buscar esse
tipo de apoio não é sinal de fraqueza ou fracasso. Faça o que for necessário
para evitar o colapso mental. É muito mais fácil preveni-lo que remediá-lo, e
dispomos de ferramentas eficazes para enfrentar as sobrecargas psíquicas.
Também
é possível remediar o isolamento. Um coquetel de reuniões no Zoom e no FaceTime
pode não ter nenhuma eficácia para muitos pacientes, e deve-se analisar caso a
caso se os benefícios de um encontro com alguém que você ama (mesmo a uma
distância superior a dois metros) para a saúde mental superam os riscos físicos
que esse mesmo encontro implica.
O
medo do contágio fez com que muitas pessoas adotassem um comportamento que
exacerba a depressão e a ansiedade e, portanto, pode levar ao suicídio –
aumentando a mortalidade da Covid-19 dentre pessoas que nem sequer a
contraíram. Pessoas solitárias podem sucumbir ao mal da “privação de toque” e
devem ser acolhidas. A Dra. Tiffany Field, diretora do Instituto de Pesquisa
sobre o Toque da Faculdade Miller de Medicina, na Universidade de Miami, afirma
que a falta de contato táctil agrava a depressão e enfraquece o sistema
imunológico. Contatos positivos por meio do toque estimulam o nervo vago e
reduzem os níveis de cortisol, um hormônio do estresse que pode prejudicar a
resposta imunológica. Deveríamos investigar quando e como as pessoas privadas
do toque podem receber o contato físico de que necessitam da forma mais segura
possível. Não será completamente seguro, como tampouco é a privação sensual. Se
pessoas estiverem morrendo por não serem tocadas, o toque, mesmo que regulado,
torna-se um remédio necessário. Não é nem caro, nem complexo.
(...)
Não que um antidepressivo possa eliminar o
medo que as pessoas têm desse vírus terrível e misterioso, ou que um único abraço
vá mitigar a solidão profunda, mas ambos podem ajudar.
Um
dia desses, meu filho (que cursa a quinta série) perguntou com voz trêmula:
“Quanto tempo vai demorar pra eu poder ver meus amigos de novo? O que vamos
fazer se ‘cancelarem a colônia de férias?’’. E então perguntou, a voz ainda
mais trêmula: “E se você e o papai morrerem? O que vai acontecer comigo?”
Estaria ele manifestando algumas de minhas tendências depressivas, ou estava
apenas triste e com medo? Ele se animou logo em seguida e não voltou a falar no
assunto desde então, embora eu tenha deixado claro que ele pode fazer isso.
Manter o ânimo na frente dele é um projeto que me traz grande motivação. A
obrigação de negar uma depressão pode ser uma forma perigosa de tirania social,
mas esconder seus sinais externos de alguém mais vulnerável por vontade própria
ajuda a me afastar da beira do abismo. Em parte por causa de meu filho, ajustei
minha medicação e tenho mantido contato com meu terapeuta. Além disso, faço
questão de abraçar ele e meu marido, pois sei que cada um de nós três é a
salvação dos outros dois.
Caminho
diariamente no bosque com meu filho e nosso cachorro. Às vezes, meu filho e eu
pulamos na cama-elástica, algo que, embora me dê dor nas costas, me proporciona
grande conforto físico. Meu marido, meu filho e eu nos aconchegamos juntos
todas as noites para assistir a um filme. Além disso, meu marido tem lido
obsessivamente livros sobre epidemias, da Peste Negra à pandemia de gripe
espanhola em 1918, e estudado português on-line. Todos encontramos conforto à
nossa curiosa maneira.
As
autoridades continuam dizendo que o coronavírus será como uma gripe para a
maioria dos contaminados, mas tem maior letalidade entre pessoas mais velhas ou
com certas doenças crônicas. A lista de doenças crônicas, no entanto, deveria
incluir a depressão causada pelo medo, pela tristeza e pela solidão. Deveríamos
reconhecer que há uma grande parcela de gente para quem medicamentos não são
indulgências e o toque não é um luxo. E que, para muitos de nós, o protocolo de
lavar as mãos com álcool gel e vestir máscaras inadequadas não é nada se comparado à tarefa diária de desinfetar nossa própria
mente.
Tarefa 6
II) Responda ao questionário abaixo.
1. Qual é o gênero do texto? ( ) poema ( ) romance de cavalaria ( ) artigo
2. Qual é a relação do autor com o assunto do
texto?
3. Qual é o assunto do texto?
4. Quantas pessoas estão amedrontadas durante
a pandemia, segundo o autor?
5. Qual é o nível atual de ocorrência de
enfermidades mentais? Quais as possíveis consequências?
6. Qual
é a crítica do autor aos governadores? Qual é a exceção apontada?
7. “O
tratamento para transtornos de humor costuma ser visto como um luxo.” Com que
argumento o autor sustenta essa afirmação?
8. Quais são as quatro
reações possíveis à crise do coronavírus?
Tarefa 7
II) Continuação do questionário
da tarefa 6.
9. Quais
são as consequências psicológicas e clínicas do isolamento social?
10. Diferencie a ansiedade razoável da
ansiedade desenfreada. Dê um exemplo citado no texto.
11. Que técnicas suavizam o medo provocado
pelo vírus?
12. Como remediar isolamento?
13. Quais são os perigos da falta de contato
físico? Quando o toque seria aceitável?
14. Cite duas propostas do autor para suavizar
a depressão de pessoas solitárias.
15. Como o autor se relaciona com sua família?
Que justificativa ele apresenta?
16. Como a família do autor encontra conforto
psicológico?
17. Qual é a proposta do autor para o
tratamento da depressão?
Tarefa 8
III) Questões norteadoras
(substituem o debate orientado)
1) O que você entende por depressão?
2) Você conhece alguém que sofre de depressão?
3) Que mensagem você daria para um paciente de
depressão?
4) Como reduzir a depressão no contexto de
isolamento social?
IV) Enquete
Você
abraçaria uma pessoa com diagnóstico de depressão se corresse risco de contrair
a Covid-19?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não
sei
Tarefa 9
V) Escreva uma redação
(dissertação breve) com o tema: Como reduzir a depressão no contexto de
isolamento social?
A redação deverá ter de 20 a 25 linhas. Mínimo de três e máximo de 5
parágrafos. Recorde que parágrafo não é frase, ou seja, um parágrafo deve ter
de duas a quatro frases (ou mais), usando a pontuação correspondente.
Tarefa 10
VI) Elabore um vídeo de um minuto de duração,
tratando do tema da redação.
No vídeo devem constar: o
que é depressão, um exemplo, uma proposta de tratamento e uma mensagem para as
pessoas que sofrem desse mal. Siga as questões norteadoras da tarefa 8 ao
elaborar o roteiro.
Observações
Todas as tarefas são
avaliativas, sendo parte da avaliação trimestral.
O vídeo valerá uma nota
extra.